quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A velocidade do tempo negro


O tempo passa e tenho a sensação de estar a cada dia que passa mais distante de mim mesmo. Sentado observo o que fiz da minha vida até aqui. Sozinho em casa, vejo vultos lembro de épocas passadas e a saudade bate no meu peito com o gosto de solidão.



As coisas acontecem e o tempo passa rápido demais, antes sentando em uma praça o dia todo jogando conversa fora, e sem pensar nas consequências aprontávamos travessuras.


Tenho um sentimento ligado à adolescência e vejo escorregar entre os meus dedos a minha juventude a cada dia. Pessoas que eu gosto e que aumenta a cada dia o medo de perdê-las, em razão do tempo que é cruel e não retarda sua ação.


Esses dias olhando um álbum de fotografia antigo da família me ví sentando em uma das salas da casa que antes eu residia. Eu, minha irmã e minha mãe ajoelhadas em um tapete de lã, próximos à cozinha.


Minhas crônicas passam por épocas que o sucesso era de outras pessoas, lembro-me vagamente quando o rádio era sucesso absoluto e o som do legião urbana divida espaço com astronauta de mármore do nenhum de nós.



Como um filme que passa lentamente e como o sol brilha todas as manhas, lembro das palavras de um compositor nordestino que diz sobre a transição dos tempos e suas palavras eram exatamente assim: “Quando eu não tinha o olhar lacrimoso, que hoje eu trago e tenho. Quando adoçava o meu pranto e o meu sono no bagaço de cana de engenho. Quando eu ganhava esse mundo de meu Deus, Fazendo eu mesmo o meu caminho. Por entre as fileiras do milho verde que ondeiam com saudade do verde marinho (...). Mas veio o tempo negro e a força fez comigo o mal que a força sempre faz, não sou feliz, mas não sou mudo hoje eu canto muito mais” (...).


Renato Garcia
(E-mail para contato:  renatogarcia.jornalismo@gmail.com  )

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Desabafo a palo seco


Converso com pessoas, aprendo coisas novas a cada instante, escuto histórias que me divertem e me assustam. Vou-me equalizando conforme o ritmo do som, lutando para não cair nas frequências diárias do nosso dia-a-dia.

“Mas ando mesmo descontente, desesperadamente eu grito em português. Tenho 25 anos de sonho, de sangue e de América do Sul. Por força deste destino, um tango argentino me vai bem melhor que um blues” (...)


Andei por um tempo sumido de algumas pessoas e lugares, pois por um tempo fui alvo de comentários que me deixaram por dentro frustrado, abalado, desnorteado.


“Se você vier me perguntar por onde andei, no tempo em que você sonhava de olhos abertos lhe direi, amigo eu me desesperava” (...)


Por não ter outra opção segui meu caminho calado, mesmo sendo massacrado, eu tirava saro e me divertia pelos quatro cantos dessa cidade.


“Sei que assim falando pensas, que esse desespero é moda em 73. Eu quero é que esse canto torto feito faca, corte a carne de vocês”. (...)

Texto de Renato Garcia  adaptado à canção “A palo seco” do cantor e compositor Belchior.

(e-mail para contato: Renatogarcia.jornalismo@gmail.com)