O tempo passa e tenho a sensação de estar a cada dia que passa mais distante de mim mesmo. Sentado observo o que fiz da minha vida até aqui. Sozinho em casa, vejo vultos lembro de épocas passadas e a saudade bate no meu peito com o gosto de solidão.
As coisas acontecem e o tempo passa rápido demais, antes sentando em uma praça o dia todo jogando conversa fora, e sem pensar nas consequências aprontávamos travessuras.
Tenho um sentimento ligado à adolescência e vejo escorregar entre os meus dedos a minha juventude a cada dia. Pessoas que eu gosto e que aumenta a cada dia o medo de perdê-las, em razão do tempo que é cruel e não retarda sua ação.
Esses dias olhando um álbum de fotografia antigo da família me ví sentando em uma das salas da casa que antes eu residia. Eu, minha irmã e minha mãe ajoelhadas em um tapete de lã, próximos à cozinha.
Minhas crônicas passam por épocas que o sucesso era de outras pessoas, lembro-me vagamente quando o rádio era sucesso absoluto e o som do legião urbana divida espaço com astronauta de mármore do nenhum de nós.
Como um filme que passa lentamente e como o sol brilha todas as manhas, lembro das palavras de um compositor nordestino que diz sobre a transição dos tempos e suas palavras eram exatamente assim: “Quando eu não tinha o olhar lacrimoso, que hoje eu trago e tenho. Quando adoçava o meu pranto e o meu sono no bagaço de cana de engenho. Quando eu ganhava esse mundo de meu Deus, Fazendo eu mesmo o meu caminho. Por entre as fileiras do milho verde que ondeiam com saudade do verde marinho (...). Mas veio o tempo negro e a força fez comigo o mal que a força sempre faz, não sou feliz, mas não sou mudo hoje eu canto muito mais” (...).
Renato Garcia
(E-mail para contato: renatogarcia.jornalismo@gmail.com )
Um comentário:
Como sempre ne escrevendo cada dia melhor..beijo
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